terça-feira, 8 de outubro de 2024

Os Desejos e arbitrariedade do controle


"Neste mundo há apenas duas tragédias: uma a de não satisfazermos nossos desejos, e a outra a de a satisfazermos."  (Oscar Wilde)


Sei não... Epicuro afirmou que o desejo é a causa de todos os males, pois, como não conhecemos o amanhã, com seus acontecimentos, se os desejos irão ou não se realizar, seria uma perda de tempo deixar de gozar os prazeres possíveis esperando o talvez ou o impossível acontecer.

A lógica é a de que gozar pequenos prazeres no tempo presente é melhor que esperar o grande desfrute acontecer num tempo futuro. Para Epicuro, esperar pelo futuro, despendendo energia nele, necessariamente é abrir mão de viver o presente com a intensidade devida.

Epicteto, o escravo, falou: "Desterra de ti desejos e receios e nada terás que te tiranize", afirmando que somos escravos dos desejos e medos, de quem devemos nos livrar.

Buda, Shopenhauer, Sócrates e outros seguem esta linha de pensamento. Benjamim Franklin chega a dizer que, mesmo realizados, os dsejos trariam mais aflições que prazeres.

Contrariando esta tese dominante, de que os desejos devem ser contidos, Jonathan Swift ressalta: "O método estoico de enfrentar as necessidades suprimindo os desejos, equivale a cortar os pés para não precisar sapatos".

Swift, com isso, afirma que o controle ao desejo é tão prejudicial a nós quanto os ditos males advindos do ato de desejar, pois isto significa contrariar a natureza humana, o que causaria mal em igual teor.

Os filósofos citados anteriormente apresentam a razão como meio de suprimir o que para eles é a fonte da infelicidade, que é o desejo, já Swift é partidário da liberdade emocional, lugar em que os sentimentos se sobrepõem  à razão.

Oscar Wilde coloca-se entre duas formas de ver a questão e nos traz mais uma angústia a respeito do tema: "Neste mundo há apenas duas tragédias: uma a de não satisfazermos os nossos desejos, e a outra de os satisfazermos."

É... Não tem saída...

Podemos desejar, mas não a ponto de tornarmos escravos dele, e controlá-los, mas não a ponto de tornarmos escravos do controle.

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