Eis que inicia-se o debate!
Os filósofos debatem sobre o conhecimento:
PLATÃO:
Devemos partir do princípio de que somos corpo e alma. Quando a alma chega ao
corpo, descendo ao mundo sensível, ela esquece as coisas boas do mundo das
ideias, é contaminada pelas sensações e por isso, se torna passível a enganos.
Assim, o conhecimento só existe no mundo das ideias, pois o mundo sensível é o
mundo das aparências, para conhecer a verdade das coisas e ter conhecimento é
tarefa da educação. Cabe à educação lembrar a alma.
AGOSTINHO:
Penso que a razão ajuda o homem a alcançar a fé que, por sua vez, orienta a
razão. Temos duas razões: a inferior e a superior. A razão inferior trata de
conhecer o sensível, o que é mutável e científico. A razão superior, por sua
vez, trata do que é da fé, da alma, da sabedoria e das coisas imutáveis.
DAVID
HUME: Pois eu penso que todo conhecimento vem das experiências e são os
sentidos que as vivem, a razão apenas racionaliza, cataloga e distingue as
coisas. Não existe o tal mundo das ideias porque não existe conhecimento a priori.
Todo conhecimento é a posteriori, pois primeiro tudo deve ser vivido e uma
prova disso é que não podemos prever o futuro.
DESCARTES:
Pois eu vejo que o conhecimento se adquire através do método cartesiano. Parto
do princípio de que deva haver uma regra rígida que retire tudo o que se possa
duvidar para não haver enganos. De tudo duvido, até mesmo de minha existência,
já que minha existência pode ser fruto de algo imaginário. Neste caso, existe
uma coisa da qual eu não posso duvidar: a de que eu duvido, e se eu duvido, eu
penso. Então, se penso, eu existo.
DAVID
HUME: Você só pensa as coisas porque antes as vivencia.
DESCARTES:
Eu não preciso colocar fogo num papel para saber que ele vai queimar.
DAVID
HUME: Com certeza você sabe por que já viu ou já experienciou em algum momento
anterior. Nada há o que a gente conheça que não tenha passado pela experiência.
DESCARTES:
Somente a razão pode ser um meio seguro de conhecimento, pois retira tudo o que
é duvidoso ou possa iludir os sentidos e fica apenas com o rigor do que é
certo.
KANT:
Penso que existe duas modalidades de conhecimento. Temos alguns conhecimentos
que são a priori, principalmente os ligados ao instinto e outros a posteriori,
alcançados tanto pela experiência, quanto pela razão, como aqueles que
aprendemos na escola por exemplo.
ARISTÓTELES:
Sempre discordei da dualidade platônica, penso que corpo e alma estão juntos em
um mesmo ente. O ser humano é formado por corpo e alma e ambos têm cada qual
sua parcela na aquisição do conhecimento. Contudo, o verdadeiro conhecimento
vem da experiência, cabendo à razão governar e dominar as paixões. Em suma, como
afirmou David Hume, não há nada na mente que não tenha passado pelos sentidos.
NIETZSCHE:
Não é do conhecer que precisamos, mas do conhecido, não temos vontade de saber,
mas medo do não-saber. O desejo do conhecimento não vem da nossa natureza, mas sim da busca do sentimento de segurança. Não gostamos do desconhecido. Não é a vontade de conhecer que nos atordoa, mas a agonia do que é estranho, inseguro e
inabitual.
HERÁCLITO:
O inabitual é o devir e o logos (razão) nos prepara para ele. Aprendemos com as mudanças e o que sabemos vem
do conflito entre os contrários. O contrário faz com que sabemos, por exemplo,
sobre o que é o quente e o frio.
PARMÊNIDES:
Isto são apenas sensações que permanecem! O quente sempre será quente e o frio
sempre será frio! O pensamento não pode raciocinar sobre coisas que ora são de
um jeito e ora de outro, que são contrárias a si mesmas e contraditórias.
HERÁCLITO:
No entanto, você só conhece o frio porque conhece o quente.
ROUSSEAU:
Penso que os homens devem aprender para serem livres. Permanentemente, como diz
Parmênides, temos dentro de nós, em estado selvagem, uma natureza boa que deve
ser mantida mesmo depois que a luta pela sobrevivência na sociedade competitiva
se fizer necessária. Mas tudo pode mudar, como afirma Heráclito. Não podemos
nos deixar levar pelo espírito do egoísmo que permeia a sociedade e caberá à
educação este papel.
THOMAS
HOBBES: Caberá à educação sim, trazer conhecimento. Mas ao contrário de
Rousseau, penso que o indivíduo nasce mau e com espírito egoísta e é a sociedade
que, através de mecanismos educacionais, o corrige.
SARTRE:
O homem não deve aprender a ser livre porque ele já nasce livre, o que quer
dizer que as ideias, ou as essências, não são anteriores às coisas, pois não se
acham previamente contidas nem na inteligência de Deus nem na inteligência do
homem, elas são contemporâneas e se aprende conforme se vive. Não existe
conhecimento prévio.
PROTÁGORAS:
Também não existe a possibilidade de conhecimento pleno, pois o homem não tem
capacidade, nem alcance intelectual para conhecer a totalidade das coisas.
Assim, apenas o conhecimento parcial é possível.
SÓCRATES:
É possível sim o conhecimento pleno e este deve ser descoberto na própria alma:
Conhece-te a ti mesmo, este é o primeiro passo. Dar-se conta da ignorância é
primordial para a busca do saber e a constante dúvida é um método que deve ser
seguido até que não haja mais nenhuma pergunta a ser feita sobre algo, como apresentou antes Descartes. Quando
se sabe o que é a verdade, a coragem, a virtude, o belo, etc., chegamos ao
conhecimento.
NIETZSCHE:
E quem faz este processo? A razão? Vamos matar a verdadeira fonte do
conhecimento que é o sentir? Não há nada mais formidável que sentir a brisa, o
toque, o sol, a água... Daí provém o que conhecemos.
SÓCRATES:
Não são invalidadas estas sensações, podemos usá-los como meios para chegar ao
verdadeiro conhecimento. Um General poderá vencer diversas batalhas, mas se não
souber o que é a coragem não conhecerá o suficiente, assim como um rei pode ser adorado por diversos súditos, se não souber o que é sabedoria não conhecerá o suficiente.
NIETZSCHE:
Sua teoria parte de um princípio errado: transforma o sentir, que é a principal
fonte do conhecimento em um simples “meio” de adquiri-lo, um objeto, quando na
verdade é o sujeito.
PROTÁGORAS:
O homem é a medida de todas as coisas, das que são, enquanto existem, das que
não são, enquanto não existem. Assim o conhecimento é parcial e relativo a cada
ser pensante, ele se dá pela percepção do fenômeno sem que se possa separar a
sensação do pensamento.
HUSSERL:
Toda consciência é consciência de algo. Tudo o que sabemos é um fenômeno, que é
aquilo que se apresenta a nós. Todas as vivências se dão pela consciência
buscando-se uma análise compreensiva e não explicativa do mundo. Portanto, as
coisas não devem ser explicadas e sim compreendidas, assimiladas pelo sujeito
que observa o objeto e se transforma com esta experiência.
AGATÃO:
Foi um belo debate, espero os senhores para um próximo.
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