Quando Renato Manfredini Jr. colocou Russo em seu nome artístico, um dos homenageados foi o filósofo francês Jean Jacques Rousseau. Em entrevista, Renato Russo, disse que gostava da ideia da bondade natural do ser humano expressa pelo filósofo.
Mas não ficou só nisso... Muito do que escreveu nos remetem ao pensamento deste filósofo. João de Santo Cristo, de Faroeste Caboclo, não deixa de ser uma versão de Emílio, personagem de Rousseau na obra Da Educação.
Rousseau acreditava que a essência do ser humano era naturalmente boa e a maldade surgia a partir do momento em que o ser humano se via em um ambiente em que tinha que lutar pela sobrevivência, tendo como agravante a competição que teria que travar com os outros seres humanos, que por sua vez se viam na mesma situação. Por isso as pessoas se obrigariam a firmar um contrato social. Para ilustrar a tese, Rousseau criou o personagem Emílio.
Ao nascer, Emílio foi levado para uma ilha e criado por um tutor que só lhe ensinou coisas boas estando em um lugar em que não havia motivos para competir com outras pessoas pela sobrevivência. Manteve-se bom por todo o tempo, sem criar artimanhas, sem mentir, enganar e outras atitudes que os seres humanos criados em sociedade aprendem como meio de sobrevivência. Isto comprovaria a natural bondade humana, ou seja, o homem só seria capaz de fazer o mal quando instigado ou quando julgar que fosse necessário fazê-lo. E Isto aconteceria somente quando passasse a viver em sociedade.
Esta ideia é base também para o filme "Gêmeos: mórbida semelhança", com Dani de Vitto e Arnold Shuartzeneger, onde o personagem de De Vitto foi criado em um orfanato e o de Arnold foi para uma ilha, sendo tutorado por um professor. Nasceram gêmeos e foram separados ao nascer. A criação diferente, em diferentes ambientes, contribuíram na moldura do caráter de cada um. Enquanto o personagem de Arnold, na ilha, se manteve puro e íntegro, o personagem de De Vitto, por sua vez, criado junto com outras crianças, carente de afeto e meios materiais, tornou-se uma pessoa capaz de enganar quem fosse para conseguir o que queria. Quando se encontraram, já adultos, a diferença estava bem evidente na forma como cada qual se portava diante dos problemas e situações.
Mas, o que tem a obra de Renato Russo que nos remete a este tema sobre a bondade natural do ser humano? Abaixou, vou levantar a reflexão apresentando quatro canções em que este tema da bondade humana como essência serviu de base para composição de suas letras, a saber: Indios, Há Tempos, A Fonte e Faroeste Caboclo.
A FONTE
Temos nesta canção um eu-lírico que se vê diante de um mundo indiferente às tragédias alheias e que ao mesmo tempo era capaz de perguntar-se "quantas crianças haviam sido mortas desta vez". É bom lembrar que na época em que a canção foi criada havia acontecido a chacina da Candelária, o assassinato de oito crianças de rua que ficavam em frente à igreja da Candelária, no Rio de Janeiro.
Então, a pessoa que reflete diante deste mundo se coloca em penitência por não fazer nada e assim, vê-se parte do problema. Apresenta uma solução aparentemente simples: "não fazer aos outros aquilo que não quer que seja feito com você". Bom..., continua sendo uma atitude passiva diante do "fazer aos outros o que você gostaria que fizessem por você", mas pelo menos seria uma passividade do bem, onde na preservação de si, não se faria mal a outrem, numa espécie de contrato social, aliás, o que também foi proposto por Rousseau.
Renato Russo vai além na reflexão... Quer buscar no próprio indivíduo a solução para resolver também problemas coletivos e sociais, porque a solução de um abarca a solução de outro. Quer ir, portanto, até a fonte.
É um título bastante sugestivo, primeiro porque nos lembra a origem (fonte) do problema, que é cada qual individualmente. Trabalhar o indivíduo "ajuda pra caramba", chegou a afirmar em certo momento Renato Russo. Identifica, portanto, a "fonte" do problema. Alem disto, o título trabalha com a ideia de fonte (d'água) como expiação de toda culpa. A pessoa dar-se conta de que é parte do problema é um passo importante para reverter o quadro e se tornar fonte da solução. Nesta expiação de culpa tem o elemento água, que simboliza a limpeza. Como escrevi anteriormente, Renato Russo se destaca como letrista, entre outras coisas, por ter ideias sistemáticas, e apresentar a água como elemento de purificação é uma delas, fator que aparece em diversas canções.
A fonte é também um título sugestivo quando Renato Russo vai à mitologia grega. Os versos a seguir são referências diretas a duas fontes que se encontravam na entrada da caverna de Trofônio, em Labadeia na Beócia. Uma se chamava Lete, que fazia esquecer das coisas passadas, e outra, Mnemonese, que permitia lembrar.
"...Ao lado do cipestre branco
A esquerda da entrada do inferno
Está a fonte do esquecimento
Vou mais além, não bebo desta água
Chego ao lago da memória
Que tem água pura e fresca
E digo aos guardiões da entrada
Sou filho da terra e do céu...
...Dá-me de beber que tenho uma sede sem fim..."
O eu-lírico recusa beber da água da primeira fonte e pede água da segunda, da qual tem "uma sede sem fim". Com isso traz a ideia de que o mal está sempre à espreita e se descuidar dele é o primeiro passo para perder a bondade natural. Beber desta água deve ser atitude constante. A maldade começa com o esquecimento das coisas boas que habitam o ser humano (essência) e o descuido é parte da posterior passividade diante do mal aludida no início da canção (indiferença) bem como é parte das más ações praticadas... Então, tudo isto se torna um grande câncer. É bom trazer aqui a lembrança do filósofo Sócrates de que "a maldade é mais veloz que nós". A princípio parece contrariar a tese da bondade humana de Rousseau, mas ela corrobora, uma vez que se refere ao fato de que devemos estar vigilantes para preservar a nossa boa essência.
HÁ TEMPOS
Esta canção começa mostrando alguns dos processos emocionais negativos que perpassam a situação humana, citando uma geração "herdeira da virtude que perdemos" enquanto humanidade. Aqui, Renato Russo volta a lembrança ao nobre selvagem de Rousseau, o ser humano puro e livre dos males, males estes advindos de uma competitiva e opressora sociedade.
O verso " Não me lembro, não me lembro", de forma repetida, aparece como tentativa desesperada de voltar a lembrança a um tempo muito, muito distante. Há Tempos a humanidade abriu mão de sua boa essência original e natural, se colocando muito distante dela.
Quando usa o verbo "disseste", no verso "disseste que se tua voz" na segunda pessoa, o eu-lírico mostra que com a outra pessoa acontece o mesmo que a si, vive o mesmo desespero. E a humanidade partilha tais dores e cada qual as sentem juntos, e dores individuais se transformam em dores coletivas.
Na parte final, o compositor tenta trazer uma solução, indicando que, ao contrário do que se possa pensar, a liberdade está na disciplina, que compaixão não é fraqueza, é antes, fortaleza, pois é preciso ser forte para perdoar e sentir a dor do outro. Por fim, indica que é preciso coragem para ser bom, quando o caminho mais fácil é buscar o mal. (Sócrates)
Então nos apresenta o poço de água limpa, onde novamente está a água como elemento de purificação. Acontece que poço nos remete a algo que é fundo, difícil de alcançar, o que traz a humanidade dificuldades imensas para voltar às origens e encontrar novamente a bondade natural.
E o mesmo acontece com cada um individualmente, cada qual tem dentro de si este poço, cada qual já é conhecedor do bem... Difícil é chegar ao fundo dele, beber desta água e banhar-se nela.
"ÍNDIOS"
Esta é a canção mais explícita sobre o tema da perda da inocência e a relação de Renato Russo com a visão do nobre selvagem de Rousseau, ideia traduzida por versos como "não ser atacado por ser inocente".
O fato do título "índios" vir entre aspas demonstra que Renato Russo não está falando sobre índios especificamente, a figura surge como uma metáfora do ser humano ideal, por ser a vida indígena a mais aproximada do modelo de ser humano natural, portanto boa em sua essência.
A canção parte do contexto histórico de um povo, no caso, o indígena brasileiro, para falar do individual. Do mesmo jeito que nossos indígenas acreditaram no europeu que aqui chegou, recebendo com sua pureza de espírito, sendo enganado e massacrado por isso, também o engano é o método utilizado nas más ações praticadas contra os "ingênuos", cabendo também aspas, uma vez que o termo mais adequado seria genuínos.
Numa época em que se discutia na Europa se indígena era dotado ou não de alma, se era gente ou animal, Rousseau via neste povo e sua forma de viver a expressão mais humana e correta de todas as formas existentes. Sua relação com a natureza e o outro, fazia deste povo um exemplo para a humanidade. Estamos então entrando no campo da ética e da moral, sejam elas na vida social (modo de viver) ou na conduta individual (como nos colocamos diante do outro), se somos ardilosos ou genuínos, nas mais diversas situações, inclusive nos relacionamentos amorosos.
O poema Oswald de Andrade ilustra bem esta situação ao afirmar:
" Quando o português chegou
Debaixo de uma bruta chuva
Vestiu o índio...
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio teria despido o português. "
Esta piada em forma de poema corrobora a ideia de que teria sido melhor para a humanidade se ao invés do europeu subjugar o índio aos seus modos, tivesse o índio convencido o europeu sobre sua forma de viver como a melhor possível, com sua ética, seus costumes, sua genuinidade.
FAROESTE CABOCLO
A frase "Não tinha medo o tal João de Santo Cristo era o que todos diziam quando ele se perdeu" cumpre nesta canção um início informativo importante. Aqui, Renato Russo já caracteriza o personagem principal quanto à essência e natureza. Mostra-nos um corte do momento da transformação de Santo Cristo, entre a coragem (não tinha medo) e o perder-se.
Primeiro, faz-se necessário destacar a função do substantivo medo e do verbo perder. Medo está colocado aqui como origem do mal (perder-se). Antes de perder-se, supõe-se por obviedade, que havia coragem, destemor e, junto com tais atributos, bondade, pois não conhecia o mal. A inocência fora perdida em algum momento. E o próprio autor se encarrega de esclarecer versos adiante este momento crucial de transformação quando informa a morte do pai pelos soldados.
Curiosamente, em "O Auto da Compadecida", de Ariano Suassuna, no momento do julgamento de Lampião em que a compadecida advoga em seu favor, o próprio Cristo que julga torna seu advogado alegando que Lampião presenciara na infância a morte do pai pelos soldados do império, e muito do que fizera no futuro advinha deste momento da infância. Em outras palavras, os acontecimentos passados influenciaram no que haveria de se tornar Lampião. Renato Russo repete a compadecida ao "defender" seu personagem João de Santo Cristo, além de citar outros momentos de sua trajetória into-juvenil, tal como aconteceu com o personagem de Dani de Vitto no filme Gêmeos, Mórbida Semelhança.
Em outras composições de Renato Russo aparece a ideia do medo como origem do mal, o que demonstra uma sistemática de pensamento. Está, por exemplo, em Há Tempos, no verso "ter bondade é ter coragem"... Raciocínio inverso nos informa que maldade é temer, ou seja, o mal origina-se nele, no medo. Em "Fátima" acusa a a humanidade de se perder no "meio de tanto medo de não conseguir dinheiro pra comprar sem se vender". Já em "Quando o Sol Bater na Janela do Seu Quarto", ele afirma que dor (mal) vem do desejo de não sentir dor (onde reside o medo). O medo antecipa a dor e o sofrimento, por consequência antecipa o mau ato.
O fato é que nesta narrativa/canção o medo sempre impulsionou João de Santo Cristo em suas ações mais moralmente questionáveis e voltadas para o mal. Os momentos livres de tais tormentos e medos foram seus momentos mais felizes e norteadores da boa conduta e da boa intenção. Mas o medo sempre voltava: o medo de perder Maria Lúcia, o medo do General (aquele de dez estrelas), o medo de Jeremias, o medo da pobreza, o medo de de ter o mesmo fim de seu pai... Cada medo antecipa algo de ruim para João de Santo Cristo. E assim acontece também com outros personagens de Faroeste Caboclo, cada qual com seus medos. Maria Lúcia ficou só quando Santo Cristo ficou fora um tempo e o medo a levou aos braços de Jeremias e, ele próprio foi levado a atirar pelas costas por covardia.
O que interessa, entretanto, para nossa reflexão, é o fato de João de Santo Cristo ser o que é com suas transformações. Ele foi moldado para lutar contra a sociedade que o fabricou para ser assim. Ter essência boa é um ponto de partida e isso precisa ser entendido quando se fala no nobre selvagem de Rousseau e não um ponto de chegada. Estamos falando em uma condição pré-existente. Assim, os versos finais também são reveladores e trazem a redenção de Santo Cristo ao informar suas intenções: "falar com o presidente para ajudar toda essa gente que só faz sofrer". Precisa intenção mais nobre?...
ESSENCIALISMO X EXISTENCIALISMO
A tradição filosófica traz vários embates teóricos e, entre eles, está a discussão sobre a condição humana. Por muito tempo os filósofos tratavam a questão sobre a perspectiva da existência de uma natureza humana pré-existente. Apenas há alguns séculos um grupo de filósofos começou a analisar a questão sob a ótica de que não possuímos natureza pré-existente, ou seja, a existência precede a essência, antes existimos e a forma de existir é que definirá o que seremos. Chegamos à escola filosófica chamada existencialismo.
Dizer que a existência precede a essência é o mesmo que negar que exista uma natureza humana pré-existente. Então, nos coloca priordialmente como um papel em branco e que, cada ação, cada passo, não são determinados por uma força ou uma consciência existentes em nós a priori antes mesmo de nascer, comum a todos. Tudo o que acontece é fruto de uma consciência a posteriori, ou seja, a partir da existência. Assim, não havendo força pré-existente que nos conduza, não há a quem culpar senão a nós mesmos, pois não existe tendência ou propensão, seja para o bem ou para o mal, quando um ato for praticado. Nós somos sujeitos livres e conscientes de nossas ações. Então, a essência se forma de maneira individual, a partir da existência e não o contrário. Assim, para o existencialista, não é a essência um fator determinante que conduz e molda nossa existência, é antes, esta quem dará cores ao papel em branco, aplicará nuances e, só assim, determinará então aquilo que seremos.
Rousseau pertence ao grupo dos essencialistas, dos que acreditavam que existe uma essência que precede a existência. Não só acredita nesta essência, como a coloca como base para sua construção filosófica, pois parte do princípio que a existência do sujeito o transforma em alguém "pior" do ponto de vista moral, porque se vê em constante competição com outros sujeitos, precisando inclusive de um contrato social para estabelecer limites. Em outras palavras, a sociedade corrompe o bom sujeito, a quem chamou de nobre selvagem. Quanto mais primitivo for o homem, melhor ele será, quanto mais "civilizado", pior.
Afirmava que a origem da sociedade civil começou quando um primeiro cercou um pedaço de terra e disse: isto é meu; e não houve ninguém para contestá-lo. Ao contrário, os outros fizeram o mesmo. Criou-se a propriedade individual, depois vilas, cidades, países... enfim, fronteiras e a defesa delas e de um povo. Vieram as guerras, cada qual defendendo o que julgava ser seu. Com a sociedade civil, então, surgiu o grande mal. Para Rousseau, podemos dizer, existe uma boa essência, mas ela infelizmente é atropelada pela existência.
Acontece, por outro lado, que há filósofos essencialistas que defendem que a maldade é a verdadeira essência humana e a existência deste humano com suas escolhas apenas corrobora esta essência. A frase de Sócrates sobre a velocidade da maldade seria a aplicação prática do que verdadeiramente somos. O nome de maior vulto desta corrente de pensamento é Thomas Hobbes, que afirmou ser o "homem lobo do homem", uma alusão a esta natureza pré-existente afeita a esta entredevoração e ao que considera maldade humana natural. Assim, para Hobbes somos propensos a ser maus. Temos então a vertente essencialista com visões contrárias do a natureza humana pré-existente, e a vertente existencialista, que afirma a neutralidade, quando fala da inexistência desta natureza.
Em "Os Anjos", Renato Russo apresenta uma espécie de receita, onde usa temperos ruins, tais como estupidez, mentira, preguiça, ódio, inveja... E coloca tudo numa forma... Está fabricando o ser humano como quem faz o bolo. Parece estar concordando com Hobbes, pois a essência do ser humano é o conjunto de seus "temperos" e atributos. Chega a afirmar em um verso que "a maldade agora não tem nome", tamanho o horror que o poeta presencia.
No entanto, o verbete "agora" no verso dá ideia de algo momentâneo, não de algo perene, como seria a essência. Esta volatilidade é atributo da existência, volúvel ao momento, mesmo que este seja um longo período. Ao afirmar que a humanidade está mau, não quer dizer que ela é mau por natureza, afinal, "não é a vida como está e sim as coisas como são", tal e qual Renato Russo afirmou em "Meninos e Meninas".
As últimas estrofes de Os Anjos tentam trazer o ser humano para seu lugar de origem, sua essência primordial, com frases como consertar a asa quebrada (se redimir) e voar para bem longe (afastar-se da maldade e voltar ao bem, que está distante), para então afirmar: "só nos sobrou do amor a falta que ficou"
O amor é visto como algo bom, de nossa essência... Escolher não amar é afastar-se desta essência, como diria Santo Agostinho, e viver o não-amor/desamor é uma escolha que contraria esta essência. Raciocínio lógico, se o que ficou foi sua falta (do amor) é porque ele existe, pois o que falta existe em algum lugar e a sua não prática não mata sua existência, apenas está em algum lugar, amortecido ou esquecido.
Por fim, o título "Os Anjos" nos coloca num lugar que representa pureza e bondade. A figura angelical bem poderia soar como a típica e costumeira ironia do poeta, mas não parece ser o caso. É antes a manifestação e representação de uma posição em que a humanidade poderia estar e abriu mão. Então, onde Renato Russo parece estar em concordância com as ideias de Thomas Hobbes, apresentsndo uma receita recheada de condimentos ruins, abandonando Rousseau, na verdade está reforçando seu apreço e concordância com o filósofo francês, não sem antes passar pelo existencialismo quando percebe que os temperos são escolhas feitas e não o condicionamento de uma má natureza. Renato Russo está mostrando o que vê, mas acredidando numa essência perdida que não consegue renegar como fator pré-existente e de regresso.
Obviamente, não há como afirmar que Renato Russo tenha pensado em Hobbes, Rousseau ou nos existencialistas quando compôs a canção, mas o importante aqui é que ela serve bem como ponto de partida para a reflexão sobre a condição humana e suas contradições.
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