sábado, 2 de novembro de 2024

Renato Russo: canção e filosofia

 Renato Russo e as conexões com a filosofia.

Rousseau disse que Maquiavel,  fingindo dar lições aos príncipes, dava lições ao povo. O intuito desta postagem não tem a mínima pretensão dar lições, mas quer fingir que fala de filosofia, falando de Renato Russo e fingir que fala de Renato Russo falando de filosofia. 

O intuito não é o de simplesmente interpretar canções, mas identificar quais filósofos e concepções filosóficas estão presentes de forma mais presente na obra.

Renato Russo foi um compositor/letrista diferente da maioria, entre outras coisas, por apresentar em sua coleção de canções algumas ideias sistemáticas, ou seja, um discurso coerente em que ideias que surgem numa canção voltam em outras. As músicas (letras) não são obras que acabam em si mesmas, as ideias repetem-se e se sustentam, alimentando uma forma de pensar como base da obra como um todo.

Em vários textos, a partir desta postagem, neste blog, vou trazer algumas destas ideias com olhar filosófico sobre a obra, trazendo quais as fontes alimentadoras e quais aspectos filosóficos são destacados na obra do letrista.

Por enquanto vou explicitar quais são esses aspectos e depois dissertarei sobre cada um separadamente em postagens diferentes, a saber:

- ROUSSEAU e a bondade natural que aparece como base de pensamento em obras como Faroeste Caboclo, Há Tempos, Indios e A Fonte.

- BERTRAND HUSSERL, o ecocentrismo, a política voltada para as causas e o pacifismo.

- NIETZSCHE e desconstrução do apego ao que faz mal, ao que nos aprisiona... Tais ideias aparecem em Sereníssima, Será, Flores do mal...

- A ÉTICA como ponto de partida da obra, sendo foco principal, e a ESTÉTICA como linha auxiliar.

- A ESPIRITUALIDADE como base da vivência. 

- O conformismo ESTÓICO no que diz respeito às coisas do amor, evidenciado na maioria das canções sobre o tema.

- A GUERRA como algo a ser combatido e inexplicável como solução para conflitos entre países. 

- POLÍTICA: o fascismo, o terrorismo, a ditadura e a indiferença social. 

- SOCIAL: a questão das crianças e das mulheres.

- HOMOSSEXUALIDADE: As dificuldades em assumir tal condição e o processo ao fazê-lo.

- PLATONISMO como inspiração mais evidente, apresentando nas canções um mundo com suas confusões e problemas, mas sempre também apresentando uma esperança, uma outra situação possível, não raras vezes buscada em outra dimensão, pois, como disse o Renato Manfredini Júnior à mãe certa vez: "eu não sou daqui".

Estes parecem ser os temas mais trabalhados por Renato Russo e é em cima deles que faremos nossa abordagem, trazendo para o enfoque da filosofia. Há muitos elementos que passam despercebidos quando ouvimos tal  e tal canção, por desconhecermos a fonte inspiradora, por isto o estudo da obra ajuda as pessoas a se conectarem melhor com ela. Com formação em filosofia, pretendo fazer este enlace e auxiliar o leitor do blog a se conectar de forma diferente a que está acostumado e oferecer uma nova forma de experimentar estas canções, com novo enfoque e entendimento. 

Para continuar vá ao próximo tópico "Rousseau e Russo"

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