terça-feira, 5 de maio de 2015

Reunião de Filósofos 6 - Essência Humana

AGATÃO: E a essência humana. Nascemos bons ou maus?


ROUSSEAU: Todos nascemos com princípios inatos de justiça e do bem. Se, por exemplo, formos colocados em uma ilha ao nascer e cuidados por um tutor, permaneceremos livres das necessidades e dos vícios que ela trás. Ao estar na sociedade, a presença de nosso espelho, que é o outro ser humano, cria em nós um sentimento de competição; surgem a vaidade, o egoísmo, o orgulho, a intolelância, o ódio, o medo e outros sentimentos que nos colocam uns contra os outros. Em outras palavras, a sociedade corrompe o indivíduo, disvirtua o que tem de bom. O mal teve início com a criação da sociedade civil, que por sua vez foi criada no instante em que um indivíduo cercou um pedaço de terra e disse: “isto é meu” e faltou alguém que arrancasse aquelas cercas e dissesse para os outros não acreditarem naquele tolo. 



HOBBES: Contrariando Rousseau, penso que o homem nasce mau e a sociedade cria mecanismos para educá-lo na prática do bem. Todo ser humano é egoísta por natureza, um competidor, pois o homem é lobo do homem; e desde a mais tenra idade, primeiro com os pais, depois com a lei, é controlado pela sociedade a não praticar atos maus. Assim, não é por sua vontade natural que busca fazer o bem, mas por necessidade que a sociedade impõe como dever.



SARTRE: Não existe essência humana pré-determinada. A existência precede a essência, ou seja, ao nascer não somos nem bons, nem maus, nem autruístas, nem egoístas. Apenas somos… movidos pela liberdade que temos de escolher, influenciados pela dinâmica psico-social, mas ainda assim responsáveis por aquilo que escolhemos. E não temos a quem culpar, pois se não temos uma natureza humana pré-existente, nada nos determina, seja lá o que fizermos será por nossa conta e risco.



AGOSTINHO: Nossa essência é o Espírito de Deus, pois somos sua imagem e semelhança. Então, somos bons por natureza e esta bondade vem do Divino. Mas também temos responsabilidade por nossas decisões como as apontadas por Sartre: é o livre-arbítrio dado por Deus. Através dele decidimos se aceitamos ou não seguir o que é bom. Deus fez tudo perfeito e bom, nossas decisões erradas é que nos afasta do bem e, consequentemente, da divindade.



SARTRE: Quando eu falo em liberdade, Agostinho, não falo em escolher um caminho, pois se há algo posto para seguir ou meta a cumprir, não há liberdade.



SÓCRATES: Tudo possui essência. A própria liberdade, a bondade, a justiça são dotadas de essências próprias que devam ser descobertas pelo exercício da reflexão e são elas referências esssenciais do ser humano. Todavia, elas precisam ser abstraídas pelo exercício contante da busca do conhecimento de si mesmo fugindo da ignorância, que é o mal. Só se erra por ignorância.



PARMÊNIDES: Concordo com Sócrates de que existe essência e acrescento que ela é imutável. Tanto o mal, quanto o bem, são o que são e não mudam. O ser humano é o que é e o mal e o bem que praticam são transitórios, qualificações passageiras, pois ele continua humano independentemente da ação que pratica. Assim, não existe ser humano bom ou ser humano mau, mas existem estas três coisas separadas que são eternas e imutáveis: ser humano, bem e mal.


HERÁCLITO: Não concordo, pois vejo que tudo é movimento, tudo flui. Sartre disse bem quando negou a essência imutável. A essência humana não pode ser classificada como boa ou má, uma vez que a ação praticada, o meu agir, é que vai dar tal conotação. O que é bom hoje, amanhã pode ser mau. Ninguém pode ser bom ou mau o tempo todo.


Nenhum comentário:

Postar um comentário